Uma Experiência Inclusiva de Natureza na Cidade
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24C, céu pouco nublado, algum vento numa tarde de Agosto. No centro da cidade do Porto, o parque da Fundação de Serralves oferece um enclave natural. Ao trazer a natureza para o meio edificado, oferece uma experiência sensorial invulgar: o Treetop Walk.
O Que É Serralves?
A Fundação de Serralves procura partilhar a cultura e a arte com um público alargado, fazendo-se valer de um museu de arte contemporânea, o parque envolvente e vários outros activos. Localiza-se no Porto, em Portugal, próximo do centro da cidade.
Um elemento interessante dos esforços da Fundação é o seu duradouro programa de entrada livre no primeiro Domingo de cada mês. Guardo memórias calorosas de tirar partido desta oportunidade, em família.
Como parte deste espírito, também tomaram várias decisões de design e oferecem várias opções de acessibilidade a visitantes deficientes.
O Que É um Treetop Walk e Isso É Inclusivo?
O Treetop Walk é um passadiço construído ao nível das copas das árvores para providenciar uma experiência diferente aos vários públicos de Serralves. Mais uma vez, o público da Fundação inclui pessoas deficientes, portanto as necessidades de acesso físicas e sensoriais devem ser tidas em conta.
Acesso Físico
Aqui inclui-se a superfície, espaço disponível e margem de manobra, considerações de visibilidade, e até regras para o uso do meio edificado.
Consultei uma amiga que usa cadeira de rodas para este tópico. Ela chamou-me à atenção para esse último ponto quando perguntei sobre a margem de manobra para um utilizador de cadeira de rodas se cruzar com uma pessoa que caminhe no sentido oposto. A estimativa da minha amiga é que isso seria razoavelmente confortável, mas que dois utilizadores de cadeira de rodas não conseguiriam passar um pelo outro. Aí é que entram as regras: tal como indicado no mapa do passadiço, há um sentido definido para o percurso. As pessoas não se deverão cruzar de todo. Eu não tinha reparado nisso, mas pode ser que seja porque não estivesse à procura.
“Treetop Walk entrance III” (no Flickr)
Isto mostra que 1) fizeram um bom trabalho neste sentido, e 2) não sabemos o que não sabemos, e por isso é que temos que aprender e que dar atenção à experiência de vida.
Quanto à superfície de caminhada ou rolamento, é feita de tábuas de madeira planas e bem montadas e transição em metal com ângulos suaves para o solo de gravilha do resto do parque. São confortáveis para tipos diferentes de calçado, para rodas, para patas, e para bengalas - bengalas de apoio conseguem firmeza e bengalas brancas conseguem boa resposta.
A vedação e os corrimões estão inclinados para fora, permitindo oportunidades de visibilidade extra, olhando para baixo. Também há corrimões a duas alturas diferentes, para maior conforto para o uso de pessoas de e a alturas diferentes, incluindo crianças. O espaço entre cabos é estreito que chegue para reduzir o risco de prender membros ou objectos e a sua cor é escura que chegue para limitar reflexos e melhorar a visibilidade.
“Walking along the treetops” (no Flickr)
Há aqui uma preocupação que não é assim tão fácil de gerir, mas que está indicada à entrada: alguns ramos de árvore constituem riscos ao nível da cabeça. Visitantes cegos e deficientes visuais devem ter isso em atenção e podem usar uma técnica de proteção superior (artigo em Inglês) ou um chapéu - acrescentam 2 pontos à resistência contra objectos elevados e 3 pontos a carisma.
Experiências Sensoriais
A secção anterior abordou um aspecto importante da experiência sensorial: há boa visibilidade para baixo. Ao mesmo tempo, a própria natureza do Treetop Walk cria uma visibilidade impar sobre as copas das árvores. Os humanos raramente têm este tipo de acesso.
É certo que os humanos não têm este tipo de acesso de mão na massa às copas das árvores. Queres aprender sobre os tipos de folhas diferentes das espécies de árvores do parque? Toca-lhes.
Do mesmo modo, encontra-se acesso para o resto dos sentidos. Sons e cheiro podem viajar mais longe que o tacto, mas a perspectiva aqui é ainda assim diferente. Em particular para o olfacto, é mais fácil separar o que corresponde a cada árvore sem que se misture com as restantes. Estando tão perto, tem-se acesso ao óleo em certas folhas, ao seu toque e o seu cheiro.
Ligação Ao Resto do Parque
A altura do Treetop Walk também oferece uma perspectiva única sobre as outras partes do parque. Durante a minha visita, fotografei uma instalação de Yayoi Kusama composta de centenas de bolas de alumínio flutuantes.
“City, nature, art” (no Flickr)
Existe uma zona de observação para se aproveitar o resto da paisagem.
Inclusão e Ligação
Com o baixar da temperatura e com o som da gravilha debaixo das minhas botas a substituir o da madeira, o passadiço revela-se providenciador de uma variedade de perspectivas únicas e acessível a muitos. Do preço, à acessibilidade física, passando pelas raras experiências sensoriais, creio que os objectivos da Fundação de Serralves foram cumpridos. O Treetop Walk está aberto a uma comunidade alargada e diversa, e encoraja educação - formal e informal. Mais do que isso, liga a cidade à natureza e à arte de forma inovadora.
Algumas decisões que fizeram parte da concepção deste projecto podem parecer evidentes em retrospectiva, mas é claro que são resultado de análise e consideração cuidadas. Como um todo, ajudam a ligar as pessoas à sua comunidade. A diversidade e a inclusão exigem ligação e experiências partilhadas e projectos como este criam condições para isso.
Se quiseres estabelecer ligação comigo depois de ler isto, sou muito fácil de encontrar online. O modo como vejo o mundo também é fácil de encontrar, seguindo as ligações neste artigo para as minhas fotos no Flickr. Se tens ideias a partilhar sobre este assunto, por favor faz-mas chegar. Aonde é que vais na tua zona para encontrar experiências como esta? Esses espaços são acessíveis e inclusivos? Escapou-me alguma coisa? Se sim, adorava aprender com a tua experiência.